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domingo, 4 de março de 2007

Designificando

De vez em quando,
assim de repente
eis que surge um trecho da gente
que qualquer que seja a oração
não consegue esboço nem contorno.

De vez em onde?
Não há ponta de
caneta que dê suporte;
dentro do corpo
não se encaixa justo.

Acaba sempre a extravasar
pelo buraco do olho,
por entre as costelas.
Criança levada de qualquer coisa
correndo da mão de atravessar a rua.

Voz alguma seria afago materno,
conselhos quaisquer não soariam paternos.
Mesmo todas as combinações
de todas as palavras
ainda não conseguem codificar
esse significado.

Envolto no ar do trompete
nas mãos de um negro
dos dedos soltos que
cantava coisas sobre a meia-noite
me dei a contemplar.

E percebi que
quando me vem esse trecho
apenas espero escutar
a música instrumental da madrugada
e que ela faça tanto sentido
quanto o giro sem rumo de um ventilador.

7 comentários:

Maria Joana disse...

adorei o "criança levada de qualquer coisa"

seus textos às vezes me trazem ao pensamento algo como Butoh (conheces?) é uma dança japonesa nascida no pós-guerra... q normalmente retrata o feio, o obscuro d nossa alma....

R. S. Diniz disse...

É... tem partes nesse poema que me lembram um certo lirismo nipônico.



Muito boa essa parte:
"Voz alguma seria afago materno,
conselhos quaisquer não soariam paternos."

Vieirinha disse...

Oi amigo vc postou la no blog arquivossonoro.blogspot.com e ja tem um novo link para o download referido.

Ah parabens pelas belas poesias,

Unknown disse...

E percebi que
quando me vem esse trecho
apenas espero escutar
a música instrumental da madrugada
e que ela faça tanto sentido
quanto o giro sem rumo de um ventilador.


Bello como a minha filha ^^

Anônimo disse...

Concordo com o pessoal, tem algo de oriental aqui. Meio zen.

Gostei bastante, acabei lendo mais de uma vez.

Mariliza Silva disse...

Quanta poesia exalada num post só!! Adorei! Adoro vir aqui para me inspirar!

Beijão

Mariliza

Giovani Iemini disse...

Esse negócio de apertar o botão é meio gay, hein?!