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sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

estória de escritor

uma vez
pescando por essas águas
fisguei o maior poema dos últimos tempos

com muito esforço
cheguei a puxar metade das estrofes
pela ponta dos versos
pouco a pouco ia ganhando a briga
mas quando a resolução
já estava saindo da água turva
o bicho, forçudo que só,
me quebrou o fio da meada
e fugiu por água abaixo
me deixando só com um lápis
e alguns versos na mão

mas te contar que aquilo
era uma obra prima...

sábado, 15 de dezembro de 2007

O Arnaldo Antunes costuma falar umas coisas bem interessantes

Tava lendo esses dias uma entrevista antiguinha do Arnaldo Antunes no site dele quando no meio de uma pergunta ele disse o seguinte:

"Sempre gostei de dançar, acho que o apelo da música sobre o corpo é muito importante. Inclusive a relação entre música e corpo deveria ser mais considerada pela crítica de música em geral. As pessoas, quando pensam em parâmetros para avaliar a qualidade artística de um disco ou de uma canção, nunca pensam em como aquilo bate no corpo, se aquilo é para dançar ou como aquilo arrepia. Porque punk fura bochecha? Porque heavy metal usa couro?. A relação entre música e a coisa orgânica do corpo é uma algo importante. Porque um reggae, quando é dançado, parece que está se lutando contra a gravidade? E no rock você vai a favor dela? Porque no psicodélico você faz outros movimentos? Tudo isso e o jeito de dançar deveriam ser mais considerados."

Bastante interessante. Fico impressionado com a sensibilidade desse cara.

Depois de ler essa entrevista eu comecei a prestar atenção em como o meu corpo reagia aos diversos tipos de música e o que ele falou fez sentido.

Tudo bem que escutando música no computador na qualidade de uma mp3 fica uma coisa um tanto distante das sensações que se têm em um show de rock ou assistindo a uma orquestra. Sentir o soco que vem do bumbo da bateria no seu peito ou o som dos violinos vibrando na sua barriga mexe com quem ta escutando. Acho que isso explica o porque é tão bom escutar música alto.

Isso sem comentar o que ele falou sobre a relação entre música e o jeito de se vestir. Eu nunca tinha pensado dessa maneira, sempre encarava isso apenas como uma forma de moda e de identificação de um grupo, de um jeito até preconceituoso da minha parte. Pensar nessa influência direta da música sobre a forma de se vestir me faz refletir sobre as próprias palavras que são usadas pra descrever uma música, como, por exemplo, chamar o som punk de agessivo. De certa forma, "furar a bochecha" também é agressivo e deixa uma aparência agressiva.

Talvez seja esse apelo da música ao corpo que explica o porque existem músicos surdos. Música vai além da audição.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Mar de Lama

nada poeta nada