tag:blogger.com,1999:blog-40708366281219370122024-03-13T02:11:20.946-02:00Duda Pih no Blogspot pela segunda vezEduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.comBlogger73125tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-1310550424388784802009-02-03T17:52:00.003-02:002009-02-03T18:19:52.488-02:00insone sonho<br />de um sono acordado<br />a todo instanteEduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-83718622680096245792009-01-13T18:21:00.000-02:002009-01-13T18:22:28.044-02:00róseo oriente<br />rente ao horizonte - o<br />sol por trás dos montesEduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-76478405122228252622008-12-20T20:08:00.004-02:002008-12-20T20:23:45.640-02:00Oriente - Gilberto GilLetra e textos do <a href="http://www.gilbertogil.com.br/">site do Gil</a>.<br /><br />Se oriente, rapaz<br />Pela constelação do Cruzeiro do Sul<br />Se oriente, rapaz<br />Pela constatação de que a aranha<br />Vive do que tece<br />Vê se não se esquece<br />Pela simples razão de que tudo merece<br />Consideração<br /><br />Considere, rapaz<br />A possibilidade de ir pro Japão<br />Num cargueiro do Lloyd lavando o porão<br />Pela curiosidade de ver<br />Onde o sol se esconde<br />Vê se compreende<br />Pela simples razão de que tudo depende<br />De determinação<br /><br />Determine, rapaz<br />Onde vai ser seu curso de pós-graduação<br />Se oriente, rapaz<br />Pela rotação da Terra em torno do Sol<br />Sorridente, rapaz<br />Pela continuidade do sonho de Adão<br /><br /><br /><br />--- x ---<br /><br /><br /><br /><div style="text-align: justify;">A "voz" - "Eu e Sandra [Sandra Gadelha, a terceira mulher de Gil] estávamos em Ibiza, na Espanha, numa casinha que tínhamos alugado num bosque de eucalipto. Era um fim de tarde de verão; tínhamos ido à praia e tomado orchata de chufa. Eu estava sentado à porta do chalé, fitando a transição do céu azul para o céu noturno; começavam a surgir as primeiras estrelas. Sandra lá dentro, preparando alguma coisa, e eu ali, quieto. De repente eu vi uma estrela cadente e aquilo me deu interiormente a sensação de uma voz. 'Se oriente!' - surgiu essa voz. "Se oriente, rapaz". Aí eu entrei, peguei papel e lápis, e..."<br /><br />De como os sentimentos e as reflexões foram nutrindo a inspiração poética e a composição se transformando numa condensação de símbolos - "Da saudade do sul - do hemisfério sul - veio a idéia do Cruzeiro como orientação, como se eu tivesse de me lançar ao mar em busca da redescoberta da minha terra (Cabral, as três caravelas, as navegações: tudo isso vinha à cabeça), desencadeando-se a seguir a meditação sobre a minha situação no exílio, com uma auto-justificação da necessidade da viagem e uma metáfora para o sacrifício da aventura forçada (os navios negreiros, o trabalho escravo no porão dos negreiros; tudo vinha à cabeça e os pensamentos iam sendo sintetizados nos versos).<br /><br />"O fato de eu ter feito o projeto da familia, a faculdade; de ter recusado uma pós-graduação na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, para assumir o trabalho na Gessy-Lever e ficar em São Paulo perto de Caetano, de Bethânia, de Gal, do projeto pessoal, a música; e de o trabalho na Gessy-Lever ter sido uma espécie de pós-graduação também, assim como a situação do exílio tinha para mim um significado de pós-graduação... Por tudo isso Oriente é a música minha que eu considero mais pessoal e auto-solidária, mais solitária. Não sou eu em relação a uma mulher ou a uma cidade; sou eu em relação a mim mesmo, a um momento de vida. Back in Bahia também é auto-referente; ela e Oriente são complementares. Minhas músicas da época são assim. Expresso 2222 é meu disco mais elaborado no sentido de relatar um período."<br /><br />Atmosfera oriental - "O 'sorridente' foi lembrança remota e inconsciente dos versos de Rogério Duarte comigo em Objeto Semi-Identificado: 'sorridente' contém 'oriente'. (O uso do termo ali dá também um alívio em relação ao tom de cobrança de antes: 'se oriente', 'considere', 'determine'). O clima do oriente estava no ar: os hare-krishna, os tarôs, os I-Chings. E eu estava num ambiente propício para a referência adâmica do final; Ibiza era o paraíso da contracultura, refúgio de hippies de todo o mundo: europeus, americanos, brasileiros, indianos."</div>Eduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-50333379211175234652008-12-06T01:01:00.003-02:002008-12-06T01:06:20.026-02:00postes postos póstumos<br />que minha lâmpada lamba<br />o cu do seu breuEduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-37352526621237426712008-11-09T14:15:00.004-02:002008-11-10T03:01:10.030-02:00Minha primeira publicação impressa!Esta semana está sendo lançada a Revista Originais Originais Reprovados #4, organizada pelo pessoal da Editoração da USP. Nessa revista são publicados poemas de vários escritores da USP e um poema meu foi selecionado para esta edição. O lançamento vai acontecer em três lugares de São Paulo:<br />- Feira do Livro, esta semana, de quarta a sexta, ao lado do stand da Edusp<br />- Quinta & Breja, dia 13, a partir das 18:00 (ECA - USP Butantã)<br />- Happy-hour da FAU, dia 14, a partir das 18:30 (FAU - USP Butantã)<br /><br />Caso alguém possa comparecer seria muito bacana!<br /><br />Ah, e logo mais vem outra publicação, esta, uma antologia de poetas das faculdades de Letras, organizada pelo professor e escritor Antonio Serafim Pietroforte, do curso de Letras da USP.Eduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-79581797193391012552008-11-02T02:32:00.000-02:002008-11-02T02:33:38.008-02:00paisagemsoldados de chumbo de verde plástico<br />contar todas as paixões em uma só mão<br />com a pinça dos dedos procurar por algo grande demais<br />eu sinto<br />que após você<br />tudo daria<br />uma grande, enorme, poesiaEduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-91987535786830168902008-10-31T18:47:00.002-02:002008-10-31T18:54:53.677-02:00desce uma dosedesce uma dose<br />em nome de todos os nomes<br />de todos os santos<br />em nome<br />da distante Santos<br />que esse momento seja inteiro<br />bêbado, perca a sensação de momento<br />montanha momentânea<br />que rolem<br />as últimas conversas<br />sobre as mesmas primeiras e todas as coisas<br /><br />esta noite nos acompanham<br />algumas luzes das janelas acesas<br />alguns postes acesos<br />idéias ascendem<br />fora de nossas cabeças<br />uma absurda fascinação cresce<br />por sobre as coisas mais absurdas<br /><br />há cartas e mangas na mesa<br />os amores em jogo<br />mas só de brincadeira<br />estão esquentando<br />as cervejas nos copos<br />enquanto a noite<br />surdamente<br />amanhece por debaixo da escuridão<br />mas ninguém percebe<br /><br />desce mais uma dose<br />em nome da própria dose<br />brisas distantes estão chegando tarde<br />é preciso estar acordado<br />quando era preciso estar sonhando<br /><br />há um alguém que canta na mesa<br />e um qualquer que toca um violão<br />há um poeta que colhe<br />dados para sua quimera<br />e o gosto do sorriso de quem namora<br />na boca dos solteiros<br /><br />tudo girando e impondo à noite<br />à todas as rodas das mesas<br />uma certa melancolia<br />e uma certa verdade<br />contidas nesta poesia etílica<br />incessantemente<br />até que as janelas escureçam<br />as luzes do bar se apaguem<br />nós apaguemos<br />e restem apenas<br />as luzes daqueles postes acesos<br />feito as últimas estrelas desse céuEduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-22927303479811851352008-10-19T19:34:00.023-02:002008-10-19T19:52:14.855-02:00um poema em 18 minutos com a palavra pitanga - extended and concrete versionpensei em colher<br /> com colher<br />essa sempre lembrança<br /> lambança<br />que me dá de você<br /> , mulher<br />a Camila Pitanga na TV<br /> qualquer<br /><br />mas você é bem mais vermelinha<br /><span style="font-size:85%;"> safadinha</span><br /><br /><br /><br /><span style="font-size:100%;">-pra cê</span> ver o quanto eu tô levando esse blog a sérioEduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-40499794156044179932008-10-02T23:33:00.000-02:002008-10-02T23:34:51.606-02:00probeza sem dó<br />contar todas as estrelas<br />em uma mão sóEduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-36614937620609882972008-09-20T09:56:00.000-02:002008-09-20T10:56:55.915-02:00um poema em 18 minutos com a palavra pitangapensei em colher<br />essa sempre lembrança<br />que me dá de você<br />a Camila Pitanga na TV<br /><br />mas você é bem mais vermelinhaEduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-86228184772278031942008-09-13T17:19:00.001-02:002008-09-13T17:19:17.325-02:00madrugada adentro<br />irrompe o estrondo de um soco<br />a mãe em silêncioEduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-42893030302605355962008-09-05T00:02:00.005-02:002008-09-05T00:13:28.324-02:00Exercendoeu sei<br />eu ando ausente<br />mas não esquente<br />verso a verso<br />eu tenho subido de patente<br /><br />quando chegar a tenente<br />volto aqui com um poema<br />que seja, no mínimo, decente.<br /><br /><br /><br /><span style="font-size:85%;"><span style="font-style: italic;">Só uma brincadeira pra passar o tempo e atualizar o blog.</span></span>Eduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-72851868141047287352008-08-01T18:51:00.000-02:002008-08-01T18:52:46.215-02:00Crises de RelacionamentoMeu bem,<br />eu ando sem inspiração.<br />Isso não está nada bem.<br />Será que eu perdi tesão<br />por algo<br />ou por alguém?<br /><br />Meu bem,<br />eu sei que não.<br />Não há no mundo coisa igual<br />nós já escrevemos tanta coisa juntos,<br />etcetera e tal.<br /><br />Não sei, meu bem...<br />eu acho que isso<br />pode já ter sido<br />o nosso final.Eduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-18294880106313418752008-07-13T02:58:00.001-02:002008-07-13T03:59:22.838-02:00Jornada<div style="text-align: justify;">Fuçando os antigos rascunhos do meu blog achei esse post que eu nunca postei e gostei dele. É datado de 21/01/07, é sobre o dia em que eu aluguei Sonhos, do Akira Kurosawa. Era pra ser uma recomendação do filme, mas achei que se eu fosse falar qualquer coisa sobre ele eu iria estragá-lo. Fica só a recomendação sem explicações então.<br />Pra me dar mais motivação de não escrever nada nas férias eu devo ficar postando umas coisas antigas aqui.<br />Segue o texto:<br /><br /><br />Sou um viciado assumido em filmes.<br />Saímos numa jornada por uma locadora no bairro, fiz uma ficha na mais próxima. A locadora tinha uma entrada e uma saída, catálogo, ar-condicionado, muitos atendentes para poucos clientes. Você tem que pegar a caixa de traz, a da frente é só para amostra.<br />Ah, a locadora tinha uns filmes também. A maioria não faz o meu tipo (na verdade são filmes ruins, fora dos parenteses a gente tem que ser ético), mas tinha um no mais canto dos cantos, na estante mais distante da entrada (e da saída também), na prateleira mais longe dos olhos um filme que me chamou a atenção e que já tinha sido recomendado por uma professora de literatura. Foi esse mesmo.<br />No caixa descubro uma locadora em que não se pode pagar na volta. Volto em casa, pego o dinheiro, volto na locadora.<br />Entro pela entrada, a atendente faz uma piada sobre o incoveniente, eu também faço a minha sobre o meu incoveniente e finalmente consigo alugar o filme. Saio pela saída.<br />De qualquer forma, o filme valeu a jornada. Valeu até um post de blog.<br />Só resta a dúvida: por que raios uma locadora tem duas portas, uma de entrada e outra de saída? Arrrrrhhhhh.<br /></div>Eduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-59396746342740497782008-07-11T02:39:00.003-02:002008-07-11T03:20:21.658-02:00Even me, even me...Até agora tenho seguido fielmente o meu plano de não escrever nada nas férias.<br />Mentira, escrevi um rascunho de um texto em prosa aqui, mas, como eu já imaginava, tão fraquinho que não vai vir pro blog.<br />Eu larguei mão de ler tanta poesia também, tenho lido uns livros de prosa durante as férias. Romances e não-ficções.<br />Mas tem esse poema do <span style="font-weight: bold;">Jack Spicer</span>, com tradução do <span style="font-weight: bold;">Ricardo Domeneck,</span> que eu descobri no <a href="http://revistamododeusar.blogspot.com/">Revista Modo de Usar & Co</a> (espero que eles não se importem, está devidamente creditado, não?) que canta muito bem um certo bloqueio em um certo ponto da poesia que, acredito eu, todo mundo tem. Gosto de pensar nos grandes poetas, como o Drummond, Bandeira, até mesmo os que eu só conheço de nome e que são importantes, tendo esse bloqueio. Dá uma coisa de humano nele, de algo não superável pelo nosso trabalho. Não queria vencer isto pra sempre, só às vezes que é bom (uma baita de uma ilusão).<br /><br /><span style="font-weight: bold;"><br />Thing Language</span><br /><br />This ocean, humiliating in its disguises<br />Tougher than anything.<br />No one listens to poetry. The ocean<br />Does not mean to be listened to. A drop<br />Or crash of water. It means<br />Nothing.<br />It<br />Is bread and butter<br />Pepper and salt. The death<br />That young men hope for. Aimlessly<br />It pounds the shore. White and aimless signals. No<br />One listens to poetry.<br /><br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;">Língua Coisa</span><br /><br />Este oceano, humilhante em seus disfarces<br />Resiste a tudo.<br />Ninguém sintoniza na poesia. O oceano<br />Emite ondas para a sintonia de ninguém. Gota<br />Ou tromba d´água. Omite<br />Significados.<br />É<br />Manteiga e pão<br />Pimenta e sal. A morte<br />Que os jovens almejam. Sem mira<br />Alveja as margens. Sinais sem mira, alvos. Ninguém<br />Sintoniza na poesia.Eduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-52608385988548815612008-07-04T00:03:00.003-02:002008-07-04T00:16:01.680-02:00Hoje:é meu primeiro dia de férias.<br />Eu venho percebendo a um tempo minha insatisfação com o blog. O último post que realmente me impolgou foi o Um Pós-Moderno, e quando eu postei eu nem gostava do poema, só depois que eu fui pegar gosto por ele. Eu tenho vários poemas guardados, mas nenhum deles me agradou. Eles precisam que eu trabalhe mais neles, mas acho difícil que isso vá acontecer.<br />Eu ando sem paciência pra ler o blog dos outros também, já faz algum tempo que eu não escrevo um comentário. Mas tenho lido bastante fora da internet e tenho feito planos de leitura pra essas férias.<br />Meu melhor plano de escrita pra essas férias é o de não escrever, mas talvez eu acabe fugindo a ele.<br />Muitos planos de filmes para ver, muitos filmes baixados, não assistidos e a serem gravados em dvd.<br />Pretendo tocar bastante baixo nessas férias, talvez até toque em palco. Nada muito pós-moderno.<br />Talvez eu bole algum plano pra este blog também.<br /><br />E et cetera, que eu descobri que é latim.Eduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-48612819419833472762008-06-18T23:35:00.003-02:002008-06-18T23:42:29.159-02:00Dois poemasmas vai, de caneca pelos bancos da nau veloz<br />corre e das cavas jarras arranca as tampas,<br />e toma o vinho rubro desde a borra, pois tampouco nós<br />sóbrios, poderemos nesta vigília permanecer<br /><br /><br />Fragmento de um poema de Arquíloco (que viveu lá pro século VII a.C.) trauduzido por Paula Corrêa.<br />Adorei ficar sabendo que o ser humano já era bem humano desde a antiguidade.<br /><br />O outro poema:<br /><br /><br /><br />os carros da enxurrada<br /><br />Tombavam pela encosta<br />em altas cambalhotas<br />amáveis vendavais cheios de urros<br />e os carros da enxurrada<br />iam desabalados como o amante<br />pelo corpo da amada vai catando<br />a inesgotável pedraria.<br /><br />Gira, perdoa, canta,<br />meu ágil coração, pura bandeira<br />de música tecida por mãos leves<br />para cobrir o corpo quando um dia<br />tiver estado morto, mas também -<br />e isso principalmente - para ir<br />aberta como um livro claríssimo<br />e sendo profanada pela brisa.<br /><br /><br />de Rubens Rodrigues Torres Filho.<br /><br />Este eu tenho que dissecar e apresentar um trabalho de interpretação dele.Eduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-52888341695322432892008-06-03T23:50:00.003-02:002008-06-03T23:54:02.731-02:00"quase um 'haiquase' " <br />pela escuridão da serra<br />meus olhos caçam luzes<br />como se elas fossem<br />vagalumesEduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-42438720868103992692008-05-29T17:06:00.012-02:002008-06-03T23:49:23.099-02:00Um Pós-ModernoEu andei deixando a barba crescer.<br />Tava sem fazer nada em casa, na vida,<br />nesses tempos em que eu andei deixando a barba crescer.<br />Sai de casa pra fazer o que tinha que fazer<br />e esqueci de propósito o guarda-chuva.<br />E obviamente choveu. Eu acho que a chuva me faz bem.<br />Tinha resolvido tomar uma cerveja,<br />já estava de barba mesmo.<br />Cerveja me lembra ela, às vezes, por causa de uma música.<br />Eu sei que tudo isso<br />é muito egocêntrico, autobiográfico e pseudo-poético,<br />só porque eu botei em versos.<br />Mas eu só sai de casa assim mais bonito<br />pra poder pensar melhor como ela era bonita<br />e como eu ficava bonito ao lado dela.<br />Cheguei em casa<br />e botei um som bem pós-moderno<br />pra escrever este poema.Eduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-9642648596621262002008-05-21T23:55:00.001-02:002008-05-21T23:55:52.703-02:00CalculadoA cada pulso<br />um impulsoEduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-91333466739921649692008-05-14T21:10:00.007-02:002008-05-14T21:42:37.842-02:00Judiaria<span style="font-size:100%;">letra: Lupicínio Rodrigues</span><br /><br />Agora você vai ouvir aquilo que merece<br />As coisas ficam muito boas quando a gente esquece<br />Mas acontece que eu não esqueci a sua covardia<br />A sua ingratidão<br />A judiaria que você um dia<br />Fez pro coitadinho do meu coração<br />Essas palavras que eu estou lhe falando<br />Têm uma verdade pura, nua e crua<br />Eu estou lhe mostrando a porta da rua<br />Pra que vocês saia sem eu lhe bater<br />Já chega o tempo que eu fiquei sozinho<br />Que eu fiquei sofrendo, que eu fiquei chorando<br />Agora quando eu estou melhorando<br />Você me aparece pra me aborrecerEduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-37341898457934846802008-05-13T22:54:00.003-02:002008-05-13T23:55:39.601-02:00Dente Por Dente<div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;">à Beatriz Marchese </span><br /></div><br /><br />A conheci de longe<br />e mal sabia, os lábios<br />fechados nada me diziam.<br /><br />E francamente<br />ela ainda não era<br />nada para mim.<br /><br />Ainda francamente,<br />num movimento repentino,<br />seus dentes surgiram.<br /><br />Na estrofe seguinte<br />eu já ria dos risos dela.<br />Dentes tantos<br /><br />que no meio de qualquer dia<br />refletiam a luz do Sol<br />e me faziam coçar os olhos.<br /><br />A cada dente<br />um brilho diferente<br />ela explodia.<br /><br />Cada vez mais dentes<br />aos poucos revelava<br />uma nova constelação.<br /><br />Quem estava por perto<br />bem sabia o seu mistério<br />que não era segredo algum.<br /><br />Eu só não sei dizer<br />se quem brilhava mais<br />eram seus dentes<br /><br />ou seus olhares.<br />E esta é uma história<br />que não teve fim.<br /><br />Ela ri até hoje,<br />até neste poema,<br />até em mim.Eduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-23115751928210109012008-05-08T21:55:00.002-02:002008-05-08T22:19:14.687-02:00O Novo Bárbaro<span style="font-style: italic;">You don't know me<br />Bet you'll never get to know me<br />You don't know me at all<br />Feel so lonely<br />The world is spinning round slowly<br />There's nothing you can show me<br />From behind the wall<br /><br />"Nasci lá na Bahia<br />De mucama com feitor<br />O meu pai dormia em cama<br />Minha mãe no pisador"<br /><br />"Laia ladaia sabadana Ave Maria<br />Laia ladaia sabadana Ave Maria"<br /><br />"Eu agradeço ao povo brasileiro<br />Norte, Centro, Sul inteiro<br />Onde reinou o baião"</span><br /><br /><br />You Don't Know Me, do álbum Transa, de Caetano Veloso.<br /><br />Já fazem três dias que eu conheci essa música e passei a escutar ela incessantemente. Na verdade já tinha escutado ela antes, mas estava muito desatento na hora, nem me lembrava de como ela era. Mesmo se tivesse prestado atenção antes, provavelmente eu não estaria tão empolgado, ela não teria feito tanto sentido como me fez esses dias, com certeza.<br /><br />Além do ritmo, que também é ótimo, e da própria interpretação do Caetano, que acho que não poderia ser melhor, a letra mexeu bastante comigo. Achei ela singela. Antes eu poderia ter só achado que não tinha nada de mais, mas pensar que o próprio sentimento que eu sinto com relação à música é singelo, faz o sentido dela ir além. Talvez esse sentimento não tenha mesmo "nada de mais". O que não me impede de adorar essa música.<br /><br />E é engraçado tudo isso que ela me passa porque eu andei pensando esses dias sobre o quanto as coisas costumam ganhar e perder sentido (pensando quantitativamente) com o passar do tempo. Passar do tempo, girar do mundo, ou o que seja.<br /><br />E indo contra essa sensação de que os sentimentos são etéreos, a impressão que eu tenho é de que esses dias, ao escutar ela, meus sentimentos fossem mais eternos. Como se, de fato, o mundo estivesse girando mais devagar.<br /><br />E mesmo que logo eu comece a "enjoar" um pouco dessa música, o que provavelmente vai acontecer, esse sentimento vai saber que possui morada - na minha memória.<br /><br /><br /><br />Essa música também veio a me lembrar de um poema bem curto que eu escrevi a uns dois meses atrás, que agora tem uma boa desculpa para ser postado aqui.<br /><br /><br />passava<br />tão vagarosamente<br />que eu quase<br />deixava<br />o mundo<br />girando<br />passar por mimEduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-11702258800818165332008-05-04T14:54:00.014-02:002008-05-04T17:05:01.219-02:00Diálogo sobre o tempo<span style="font-size:85%;"> (ou Experimentando o que eu acho que se chama escrita livre)</span><br /><br /><br /><br /><br />A: Aqui neste quarto faz tanto tempo agora. Apesar de aqui não haver nenhum relógio marcando os segundos eu sinto como se cada canto estivesse permeado por todo o tempo.<br />B: Eu não sinto nada do que você está dizendo. Me sinto bem... Sinto um cansaço.<br />A: Também sinto o mesmo, pelo mesmo motivo que você, mas não consigo desligar minha mente dessa sensação.<br />B: No máximo, eu consigo sentir um pequeno sentimento de agora. Deve ser o sono chegando em mim. Você tomou muito café hoje.<br />A: Talvez. Aliás, o dia de hoje me soa como algo distante, como se tudo que eu tivesse feito já tenha sido a muito tempo atrás. Como se a muito tempo, tirando essa reflexão, eu não fizesse nada.<br />B: Não sei se entendo muito bem o que você quer dizer.<br />A: É como se, pra mim, o agora fosse muito menor do que todo o resto do tempo.<br />B: Uhm. Não sei, me parece que eu não fiz nada durante todo esse tempo que você fala, exceto agora.<br />A: Como assim?<br />B: É como se pra mim não existisse muito essa noção de tempo. Acho que, por eu não conseguir pensar muito no tempo, talvez ele exista menos para mim do que para você.<br />A: Entendo. Mas assim me parece que você tem bem mais tempo do que eu, só não sabe disso.<br />B: Se for, acho que não sei mesmo. Pelo menos assim eu uso esse tempo pra fazer inveja nos outros (sorriso).<br />A: (sorriso) É...<br />B: .<br /><br />A: Acho que agora sou eu que estou com sono.<br />B: Eu já perdi o meu. Vem cá...Eduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4070836628121937012.post-74477708345948860352008-04-30T20:42:00.003-02:002008-04-30T21:46:16.520-02:00Partida da EstaçãoRuídos apressados pelo ar,<br />a vida passeando.<br />A saudade vem se aproximando dentro do ônibus.<br /><br />Ônibus parado. Ao lado,<br />o lugar onde os abraços contidos<br />e os beijos guardados na velha geladeira<br />se derramam pelo chão.<br />Poucas palavras cabem<br />em tamanho sentimento.<br />Tantas palavras para tão pouco tempo.<br />As lágrimas deixam os sorrisos mais molhados.<br /><br />Logo vem o último toque.<br />A porta do ônibus fechando.<br />O motorista tem que pisar no acelerador.<br />E a gente não sabe onde está:<br />se na metade que ficou<br />ou na metade que vai embora.<br />A gente senta na poltrona<br />e pára pra sonhar<br />enquanto o mundo corre lá fora.Eduardo Vilarhttp://www.blogger.com/profile/16867313506273001511noreply@blogger.com2