Casacos Pretos, Peles Brancas, Carne Vermelha
Me aprontei rápido e fui ao seu encontro.
Roupas simples: o mesmo casaco preto de sempre,
o mesmo perfume.
Passei numa banca e comprei um Halls,
fui pegar meu ônibus.
Cheguei cedo, lugar tranqüilo
alguns minutos depois chegou ela
e gostei do que vi muito mais do que poderia imaginar
ela também trouxera o seu casaco preto.
O tempo todo reparava
nos seus olhos escuros, no rosto e nas mãos brancas.
Ela me olhou da cabeça aos pés
disse que gostou do cabelo.
A conversa fluiu em tom agradável
falamos sobre casualidades
Gostei especialmente da parte
sobre sonhos e espiritismo
que de certa forma foi nos aproximando.
Fomos andar um pouco pra aquecer
e pude reparar no seu caminhar
apesar de hoje não lembrar muito bem de suas pernas.
Usava calça jeans justa.
Ficamos conversando, caminhando e parando pra sentar
por horas horas a fio
que passaram como algumas dezenas de minutos.
E no começo de cada silêncio
fizemos pactos por debaixo das mangas dos casacos.
O lugar estava lotado,
convidei-a para sair e dar uma volta.
Fez que sim com a cabeça e começou a andar sem pressa.
Deviam fazer algumas horas que eu já não pensava nos meus atos,
ela se mostrou um pouco inquieta.
E não muito longe dali alguém puxou um abraço,
um beijo,
uma mordida.
Descobrimos no gosto do corpo da gente
nosso único gosto em comum.
Entre um beijo e outro
pude ver seu olhar altivo desnorteado
quase que puxando a minha boca enquanto eu tomava fôlego
e apreciava cheio de gosto a vista.
Depois de bastante tempo, o caminho de volta:
palavras aliviadas, olhares extasiados, passos levianos
Um selinho de despedida
encerrando ali qualquer cumplicidade.
Depois disso peguei-me com o dedo nos lábios
tocando sensações estranhas.
Voltamos a nos falar pelo telefone,
mas foi indiferente àquele dia.
Se pudesse mudar,
talvez escolheria o desencontro:
um dos dois mudando de cidade repentinamente
perdendo o número do telefone, os contatos da internet
aguçando a imaginação, confundindo as lembranças
pra melhor ou pior.
5 comentários:
Não sei de sua experiencia, se até mesmo aconteceu, mas de cadeira te digo que não escolheria a indiferença. Vivi o desencontro de cidades, telefones que não atendem, internet desencontrada. Resumo: pior sensação de vazio que existe. Não é nada romântico, muito mesmo excitante...
Talvez em devaneios as possibilidades são mais adocicadas.
Beijão e some não (adorei sua visita)
Mariliza
É, ainda que essa paixão tenha sido tão rápida, não acho que eu preferiria o desencontro.
Mesmo que no dia seguinte, as únicas lembranças fossem do beijo da noite anterior.
Sumir é massa..
mas por uam mulher..
nada..
cara estou linkando seu blog ;)
o desencontro.... ao invés da indiferença....
não tenho muitas experiências
mas a idéia de simplesmente acontecer algo e deixá-lo pra trás como se quase não houvesse acontecido.... parece hipócrita.... nada agradável
Um dos meus favoritos, adoro este *.*
Parabens Dudu, adoro o jeito com q escreve.
Me prometeu dedicatória e vou cobrar até o fim, nem q seja de um pedaço rasgado de papel.
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